![]() |
Dorothy no Feiticeiro de Oz |
Eu adoro sapatos, é paixão mesmo, diria quase insana. E vai muito para
além da moda. Já fiz loucuras “financeiras” para comprar sapatos. E mesmo que
os meus pés não partilhem comigo o mesmo gosto, who cares. Eu bem os vejo, sinto-os
protestarem, se são stilletos porque além de estreitos são altos, se sabrinas
sentem as pedrinhas todas da calçada, se botas chelsea são difíceis de calçar, se
aberto atrás (chanel) comem-me os calcanhares, nunca ficam felizes, ou raramente,
ao contrário de mim.
Mas nada disso interessa. Já
comprei sapatos de tamanho superior, inferior, por não haver o meu tamanho.
Alguns só consegui usar um dia… outros levo-os na mala e uso nos jantares, nos
casamentos.
Mas o prazer que tenho ao comprar
uns sapatos novos é inigualável. É o gosto da escolha (aspiracional), a
experimentação, o olhar os sapatos no espelho (prolongamento das pernas, um
prazer lúdico) e depois (hábito) o usá-los no dia a dia. É a sensação de ser
uma nova mulher.
E quando são velhos, tornam-se uns amigos inseparáveis, confortáveis, pacientes, são grandes companheiros de férias.
Os sapatos são fundamentais para
a nossa existência, o nosso escape ao quotidiano nada fácil. Eles permitem-nos
partilhar prazer, glamour à medida do nosso gosto. Compramos sapatos e somos
outras mulheres. É loucura, eu sei. São mimos, que oferecemos a nós próprias, todas
nós mulheres, podemos ter este prazer.
Porque os sapatos não excluem
ninguém socialmente, Podemos não ser o modelo ideal, seja lá o que isso for,
mas estamos sempre na actualidade. Somos gordas, magras, altas, baixas, novas,
mais velhas, menos novas, aqui não há descriminações nem restrições. Pelo
contrário há para todos os gostos e bolsos. Cria o nosso próprio estilo,
deixa-nos desenvolver personagens.
![]() |
Louboutin |
A minha filha mais nova sai para
comprar roupa que necessita e aparece-se sempre com uns sapatos, que não
precisava. Ou então diz que vai comprar uns sapatinhos baixos que lhe dão
mais jeito para trabalhar e compra uns stilettos de 12cm!!
Os sapatos têm uma longa história:
Os psicólogos (e a História) lembram que o acto de beijar os pés era
uma veneração, era um hábito comum na antiguidade, será que também queremos ser
reverenciadas??
Na China antiga, os sapatos eram mais pequenos que os pés, por forma às
mulheres caminharem lentamente num acto de subserviência; Na Grécia as cortesãs
usavam tachas presas às sandálias como sugestão para serem seguidas; No Egipto
só as mulheres de classe alta usavam sapatos; Em Veneza no séc. XV só as de
classe alta usavam saltos (símbolo de status e maior controle dos maridos,
porque andavam mais devagar); no séc. XVIII Maria Antonieta, tinha uma enorme
coleção de sapatos, e quando subiu ao cadafalso, deixou cair um dos sapatos.
Sapato esse, testemunho histórico, que está agora no Musée des Beaux-Arts.
Os sapatos tiveram sempre uma
conotação de evolução social, tal como a moda de que fazem parte. Estou a
lembrar-me dos bicos finos dos anos 50, que marcavam o New Look do pós-guerra e, depois nos anos 70 aparecem as botas
brancas futuristas, as sandálias, os chinelos hippies.
Hoje em dia, no séc. XXI, os
sapatos continuam a ser a nossa loucura coerente ao estilo de cada um, com a
alienação insensata de podermos usar todo o tipo de sapato desde que nos
sintamos bem.
É óbvio que os sapatos também são
libertadores, eu posso usar ténis, sapatilhas botas rasas, galochas quando
quiser, a simbologia dos sapatos evoluiu ao mesmo tempo que a humanidade. Eu acredito na humanidade, ainda.
Dizem que os sapatos têm
um forte poder de sedução o que aumenta a nossa auto-estima.
Sim a imagem de um pé descalço na areia, na terra, no chão de casa é sensual… O erotismo duns saltos altos, é a imagem de: eu posso!
O meu pai dizia-me sempre: só estás bem calçada se tiveres uns saltos!
O meu pai dizia-me sempre: só estás bem calçada se tiveres uns saltos!
![]() |
Marylin Monroe e que sapatos |
Eu acredito que não há mal nenhum em termos esta verdadeira paixão pelos sapatos… não será equivalente ao que os homens gostam de carros. Meninas, isto não é uma competição.
E melhor ainda não há idade para os sapatos, mas sim gostos, estilos, provocações.
Eu agora ando assim, numa versão mais cool, por causa do frio.
Aos 50 anos podemos usar qualquer tipo de calçado.
Botinha da Mango, tem caminhado comigo o Inverno todo! |
Sem comentários:
Enviar um comentário